Descubra como seu círculo social tem mais poder sobre sua conta bancária do que você imagina – e como usar isso a seu favor

“Você é a média das cinco pessoas com quem mais convive.” Essa frase, popularizada pelo empreendedor Jim Rohn, não se refere apenas à personalidade ou aos sonhos. Ela se aplica, de forma assustadoramente precisa, ao seu dinheiro.
Pesquisas recentes mostram que se seus amigos próximos estão endividados, você tem 70% mais chances de também estar. Se eles investem regularmente, a probabilidade de você fazer o mesmo sobe para 85%. Não é coincidência. É ciência comportamental pura.
Durante meus mais de 15 anos no mercado financeiro, vi famílias inteiras prosperarem ou fracassarem juntas. Vi grupos de amigos que se ajudavam mutuamente a construir riqueza e outros que, sem perceber, se arrastavam para o buraco financeiro. A verdade é que suas finanças não existem no vácuo – elas são profundamente influenciadas pelas pessoas ao seu redor.
Mas aqui está a parte que poucos percebem: essa influência pode ser sua maior aliada ou sua pior inimiga. E você tem o poder de escolher qual será.
O Poder Invisível da Influência Social

Imagine que você está tentando economizar dinheiro. Definiu metas, cortou gastos, está focado nos objetivos. Mas toda sexta-feira, seus amigos chamam para jantar em restaurantes caros. Todo fim de semana, há uma nova festa, viagem ou evento que “você não pode perder”. Suas redes sociais estão cheias de pessoas ostentando compras, viagens e um estilo de vida que parece muito mais interessante que o seu.
O que acontece? Você cede. Não porque seja fraco ou indisciplinado, mas porque nosso cérebro está programado para buscar aceitação social. Somos animais sociais há milhões de anos, e esse instinto de “pertencer ao grupo” é mais forte que qualquer planilha financeira.
Robert Cialdini, em seu livro clássico “As Armas da Persuasão”, explica que a prova social é um dos princípios mais poderosos da influência humana. Fazemos o que vemos os outros fazendo, especialmente quando não temos certeza sobre qual é a decisão correta.
Na área financeira, isso se traduz em comportamentos que podem ser devastadores. Uma pesquisa da Universidade de Harvard de 2022 mostrou que pessoas que vivem em bairros onde o consumo ostensivo é alto tendem a gastar 23% mais do que sua renda permite. Não é por acaso que existem tantas famílias “classe média alta” completamente endividadas.
Maria, uma das minhas alunas, vivia exatamente essa situação. Ganhava bem, mas estava sempre no vermelho. Quando analisamos seu padrão de gastos, descobrimos que 60% dos gastos extras aconteciam quando ela estava com determinado grupo de amigas. “Elas sempre escolhiam lugares caros”, me disse. “Eu me sentia constrangida de sugerir algo mais barato.”
Quando Seu Círculo Social Vira Armadilha Financeira

Existem sinais claros de que seu círculo social está prejudicando suas finanças. O primeiro é a normalização do endividamento. Quando todo mundo ao seu redor fala sobre parcelas, empréstimos e “jeitinhos” para pagar contas como se fosse normal, você começa a aceitar isso como padrão.
O segundo sinal é a pressão por consumo. Aquele amigo que sempre tem o celular mais novo, o carro mais moderno, as roupas da moda. Inconscientemente, você passa a usar isso como referência do que é “normal” possuir. E se você não tem, sente que está “ficando para trás”.
Daniel Kahneman, em “Rápido e Devagar”, explica como nosso cérebro usa atalhos mentais para tomar decisões. Um desses atalhos é observar o que os outros estão fazendo e copiar. Funciona bem em muitas situações, mas pode ser desastroso nas finanças.
Um estudo da Universidade de Chicago de 2023 acompanhou 2.000 famílias por cinco anos e descobriu algo impressionante: famílias que conviviam com pessoas endividadas tinham 3 vezes mais chances de também se endividar, mesmo controlando fatores como renda e educação.
O mecanismo é sutil, mas poderoso. Quando você convive com pessoas que falam constantemente sobre dinheiro como problema, que normalizam o endividamento e que tomam decisões impulsivas, você absorve essa mentalidade. É como um vírus comportamental que se espalha sem que você perceba.
Os Gatilhos Sociais Que Destroem Orçamentos
Existem gatilhos sociais específicos que podem destruir qualquer planejamento financeiro. O primeiro é a pressão social direta: “Ah, não seja mão-de-vaca”, “você só vive uma vez”, “depois você se vira para pagar”. Essas frases parecem inocentes, mas carregam uma carga emocional pesada.
O segundo gatilho é a comparação social nas redes sociais. Acompanhar os outros aparentemente vivendo uma vida “melhor” cria uma pressão interna para acompanhar. Um estudo da Universidade de Pittsburgh de 2023 mostrou que pessoas que passam mais de 2 horas por dia nas redes sociais gastam, em média, 40% mais em itens de consumo não essenciais.
O terceiro gatilho é a normalização de comportamentos financeiros ruins. Quando todo mundo ao seu redor está endividado, usar o limite do cartão de crédito passa a parecer normal. Quando todo mundo fala sobre “não conseguir guardar dinheiro”, você para de tentar.
Carlos, um engenheiro que acompanhei, ganhava R$ 8.000 por mês, mas não conseguia guardar um centavo. Quando conversamos sobre seu círculo social, descobrimos que ele almoçava todos os dias com colegas que sempre escolhiam restaurantes caros. “Era mais de R$ 70 por almoço”, me contou. “Mas eu não queria ser o chato do grupo.”
O Lado Luminoso da Influência Social

Mas a influência social não é apenas destrutiva. Ela pode ser sua maior aliada na construção de uma vida financeira próspera. Quando você convive com pessoas que têm bons hábitos financeiros, você absorve esses comportamentos naturalmente.
Pessoas que investem regularmente, que controlam gastos, que planejam o futuro, que falam sobre dinheiro de forma positiva e estratégica – essas pessoas “contaminam” você de forma positiva. É como ter uma academia para as finanças: você se exercita financeiramente só de estar próximo a elas.
A mesma pesquisa da Universidade de Chicago que mostrou o contágio do endividamento também revelou o lado positivo: pessoas que conviviam com investidores tinham 85% mais chances de também investir. Famílias que conviviam com pessoas que tinham reserva de emergência eram 4 vezes mais propensas a construir a própria reserva.
O Poder dos Micro-Hábitos Sociais
A influência positiva não acontece através de grandes gestos ou conversas profundas sobre finanças. Ela acontece através de micro-hábitos que você observa e absorve inconscientemente.
O amigo que sempre confere os preços antes de comprar. A prima que sempre pergunta “preciso mesmo disso?” antes de abrir a carteira. O colega que fala sobre seus investimentos com naturalidade. A vizinha que sempre traz comida de casa em vez de comprar no trabalho.
Esses pequenos comportamentos, quando observados consistentemente, se tornam parte do seu repertório comportamental. É o que os psicólogos chamam de “aprendizado por modelagem”.
Ana, uma das minhas alunas mais bem-sucedidas, me contou como mudou sua relação com dinheiro: “Comecei a almoçar com a Carla, que sempre trazia comida de casa. No começo, achei estranho. Mas depois comecei a perceber que ela economizava mais de R$ 400 por mês só com isso. Comecei a fazer o mesmo.”
Como Identificar Quem Está Influenciando Suas Finanças

Para mapear como as pessoas ao seu redor estão influenciando suas finanças, faça este exercício: liste as 10 pessoas com quem você mais convive. Ao lado de cada nome, escreva se a pessoa tem hábitos financeiros que você admira ou que te preocupam.
Observe padrões. Essas pessoas falam sobre dinheiro como problema ou como ferramenta? Elas planejam compras ou compram por impulso? Elas investem ou apenas gastam? Elas têm metas financeiras claras ou vivem “um dia de cada vez”?
Seja honesto: depois de passar tempo com cada uma dessas pessoas, você fica mais ou menos motivado a cuidar bem do seu dinheiro? Você sente vontade de gastar mais ou de economizar mais?
Um estudo da Universidade de Stanford de 2022 acompanhou 1.500 pessoas por dois anos e descobriu que aquelas que fizeram esse mapeamento e conscientemente buscaram conviver mais com pessoas financeiramente saudáveis melhoraram sua situação financeira em 60% mais do que o grupo controle.
Estratégias Para Transformar Sua Rede de Influência
A primeira estratégia é a mais óbvia, mas também a mais difícil: reduzir o tempo com pessoas que têm influência financeira negativa. Não estou falando de cortar relacionamentos importantes, mas de ser mais seletivo sobre quando e como você convive com essas pessoas.
Se você tem um amigo que sempre sugere programas caros, talvez seja hora de começar a sugerir alternativas mais baratas. Se você tem familiares que sempre reclamam de dinheiro, talvez seja hora de mudar de assunto quando o tópico surgir.
A segunda estratégia é buscar ativamente pessoas com bons hábitos financeiros. Participe de grupos de investimento, faça cursos de educação financeira, frequente eventos onde pessoas que cuidam bem do dinheiro se encontram.
A terceira estratégia é se tornar a influência positiva no seu círculo atual. Comece a falar sobre dinheiro de forma mais positiva. Compartilhe seus objetivos financeiros. Sugira programas mais baratos. Modele comportamentos financeiros saudáveis.
A Técnica do “Círculo Financeiro”
Uma técnica que ensino para meus alunas é criar um “círculo financeiro” – um grupo pequeno de pessoas com quem você pode falar abertamente sobre dinheiro, trocar experiências e se apoiar mutuamente.
Esse círculo pode incluir familiares, amigos próximos ou até mesmo pessoas que você conhece em grupos de educação financeira. O importante é que sejam pessoas que levam finanças a sério e que querem melhorar.
Pedro, um dos meus clientes, criou um grupo de WhatsApp com três amigos para compartilhar metas financeiras mensais. “Mudou completamente minha relação com dinheiro”, me disse. “Saber que meus amigos estão acompanhando meu progresso me motiva a não desistir.”
O Papel das Redes Sociais na Sua Educação Financeira
As redes sociais podem ser grandes vilãs ou grandes aliadas nas suas finanças. Tudo depende de como você as usa. Se você segue influenciadores que promovem consumo ostensivo, fórmulas mágicas de enriquecimento ou estilo de vida insustentável, elas estão prejudicando suas finanças.
Mas se você segue educadores financeiros sérios, pessoas que compartilham jornadas reais de construção de riqueza, canais que ensinam sobre investimentos e planejamento financeiro, elas podem ser ferramentas poderosas de educação.
A chave é ser intencional. Faça uma limpeza nas suas redes sociais. Deixe de seguir perfis que te fazem sentir mal com sua situação financeira atual ou que promovem comportamentos financeiros ruins. Comece a seguir conteúdos que te educam e motivam a melhorar. Inclusive se não me segue clique aqui me siga e comente no direct o achou do artigo.
Quando Sua Família É O Problema
Uma das situações mais difíceis é quando a influência financeira negativa vem da própria família. Pais que não sabem lidar com dinheiro, irmãos que vivem pedindo empréstimos, familiares que criticam qualquer tentativa de economizar ou investir.
Nesses casos, a estratégia precisa ser ainda mais cuidadosa. Você não pode simplesmente “cortar” a família, mas pode estabelecer limites claros. Pode se recusar a emprestar dinheiro. Pode evitar discussões sobre finanças. Pode criar um plano para gradualmente educar os familiares.
Lembro de uma cliente que sofria pressão constante dos pais para gastar mais. “Você trabalha tanto, precisa se dar ao luxo”, diziam sempre. Ela precisou ter conversas difíceis, estabelecer limites e, aos poucos, mostrar os resultados positivos de suas escolhas financeiras.
A Influência Positiva dos Mentores Financeiros
Uma das melhores estratégias para melhorar sua situação financeira é encontrar mentores – pessoas que já conseguiram o que você quer conseguir e que podem te orientar. Esses mentores podem ser formais (um consultor financeiro) ou informais (um amigo que investe bem).
A presença de mentores financeiros acelera dramaticamente seu progresso. Eles te ajudam a evitar erros comuns, te mostram caminhos mais eficientes e, principalmente, te dão confiança de que é possível alcançar seus objetivos.
Estudos mostram que pessoas que têm mentores financeiros atingem suas metas 3 vezes mais rápido que aquelas que tentam aprender sozinhas. Não é apenas sobre conhecimento técnico – é sobre ter alguém que acredita em você e que pode te guiar quando você se sente perdido.
Construindo Sua Própria Influência Financeira Positiva
Aqui está algo que poucas pessoas percebem: ao melhorar sua própria situação financeira, você automaticamente se torna uma influência positiva para outras pessoas. Seus amigos, familiares e colegas observam suas escolhas e, consciente ou inconscientemente, começam a considerá-las.
Quando você para de reclamar de dinheiro e começa a falar sobre objetivos financeiros, você muda a conversa. Quando você sugere programas mais baratos em vez de sempre aceitar os caros, você dá permissão para outros fazerem o mesmo. Quando você compartilha seus progressos financeiros, você inspira outras pessoas a começarem sua própria jornada.
Ser uma influência financeira positiva não significa pregar ou dar conselhos não solicitados. Significa modelar comportamentos saudáveis e estar disponível para ajudar quando alguém pedir orientação.
O Momento da Mudança

Se você chegou até aqui, provavelmente está se perguntando: “E agora? Como faço para mudar a influência que as pessoas exercem sobre minhas finanças?”
A resposta é simples, mas não fácil: comece pequeno e seja consistente. Escolha uma pessoa no seu círculo que tenha bons hábitos financeiros e passe mais tempo com ela. Pare de seguir um influenciador que te faz sentir mal com suas finanças e comece a seguir um educador financeiro sério.
Sugira um programa mais barato para seus amigos na próxima vez que saírem juntos. Crie uma meta financeira pequena e compartilhe com alguém de confiança. Comece a falar sobre dinheiro de forma mais positiva nas suas conversas.
Lembre-se: você não pode controlar completamente quem está ao seu redor, mas pode ser muito mais intencional sobre como e com quem você passa seu tempo. Suas finanças são importantes demais para serem deixadas ao acaso das influências sociais.
O poder está nas suas mãos. Você pode escolher ser influenciado por pessoas que te puxam para baixo ou por pessoas que te inspiram a crescer. Você pode escolher ser parte do problema ou parte da solução. Você pode escolher deixar que outros determinem sua situação financeira ou tomar as rédeas da sua própria vida.
A pergunta final é: que tipo de influência você quer exercer e receber? Sua resposta pode mudar não apenas suas finanças, mas sua vida inteira.
“Educação financeira é o poder que muda vidas. E esse poder pode mudar a sua.”
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E se você quer dar o primeiro passo rumo à sua liberdade financeira, conheça o Projeto Bora Destravar as Finanças. É por lá que muita gente já começou a mudar de vida.
Referências
Livros:
- CIALDINI, Robert B. As Armas da Persuasão: como influenciar e não se deixar influenciar. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
- KAHNEMAN, Daniel. Rápido e Devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
- ARIELY, Dan. Previsivelmente Irracional: as forças ocultas que formam as nossas decisões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Estudos Científicos:
- Universidade de Harvard. Social Influence and Consumer Spending Patterns. Harvard Business Review, 2022.
- Universidade de Chicago. Financial Behavior Contagion in Social Networks. Journal of Economic Psychology, 2023.
- Universidade de Stanford. The Impact of Social Mapping on Financial Decision-Making. Stanford Economic Review, 2022.
- Universidade de Pittsburgh. Social Media Usage and Consumer Behavior. Journal of Consumer Research, 2023.
Fontes de Dados:
- Serasa Experian. Relatório de Endividamento e Inadimplência. São Paulo: Serasa, 2023.
- CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor. Brasília: CNDL, 2023.

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