
Descubra como a mentalidade de ‘depois que eu conseguir’ pode ser o maior erro financeiro da sua vida e aprenda a viver o presente com clareza e liberdade.
Quando foi a última vez que você parou, realmente parou, para observar o céu? Ou para sentar no chão e brincar com uma criança sem pensar nas contas, no trabalho ou no que precisa comprar no fim do mês?
Se você demorou para responder, não se preocupe. Você faz parte de uma estatística que cresce todos os dias: adultos que perderam a capacidade de viver o presente porque estão ocupados demais planejando (ou se preocupando com) o futuro financeiro.
Uma pesquisa da Universidade de Harvard, publicada em 2023, revelou que pessoas que vivem constantemente preocupadas com dinheiro têm 47% menos chances de experimentar momentos de felicidade genuína no dia a dia. Não é coincidência. Quando nossa mente está sempre no “depois que eu conseguir”, perdemos a habilidade de enxergar a riqueza que já existe ao nosso redor.
Durante meus mais de 15 anos atuando em instituições financeiras, observo esse fenômeno todos os dias. A ironia é que as pessoas correm atrás do dinheiro para serem felizes, mas no processo acabam perdendo exatamente aquilo que o dinheiro deveria proporcionar: liberdade, tranquilidade e presença.
A criança que existe em nós e o adulto que nos tornamos
Lembra de quando você era criança? Provavelmente, uma tarde brincando no quintal, um sorvete compartilhado ou uma conversa bobinha com alguém que você amava eram suficientes para fazer seu dia completo. Você não pensava no carro que não tinha, na casa que queria ou no salário que precisava ganhar.
Esse é o grande paradoxo da vida adulta: conforme crescemos e adquirimos mais conhecimento sobre o mundo financeiro, também desenvolvemos uma ansiedade crônica sobre o futuro que nos desconecta do presente.
O psicólogo e economista comportamental Dan Ariely, em seu livro “Previsivelmente Irracional “, explica que nossa mente adulta opera com base em comparações constantes. Olhamos para o que não temos e criamos uma narrativa de escassez que nos mantém em estado permanente de insatisfação.
O custo emocional de adiar a vida pelo dinheiro

Quantas vezes você já disse ou pensou frases como:
- “Quando eu comprar minha casa, aí sim vou ficar tranquilo”
- “Depois que eu juntar R$ 50 mil, vou poder relaxar”
- “Quando eu trocar de carro, vou me sentir realizado”
Essa mentalidade, embora pareça motivadora, carrega um preço alto: ela nos ensina que a felicidade é um destino, não uma jornada. E enquanto corremos atrás desse destino, perdemos de vista os pequenos tesouros que existem no caminho.
Dr. Robert Waldinger, diretor do Harvard Study of Adult Development (o estudo longitudinal mais longo sobre felicidade já realizado), descobriu algo fascinante: as pessoas mais felizes não são necessariamente as mais ricas, mas sim aquelas que cultivam relacionamentos significativos e sabem encontrar prazer nas experiências simples do cotidiano.
Como a ansiedade financeira rouba sua presença e felicidade
O dinheiro, em si, não é vilão. O problema está na relação que desenvolvemos com ele. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Princeton em 2022 mostrou que pessoas com renda acima de US$ 75 mil anuais (cerca de R$ 30 mil mensais no Brasil) não experimentam aumentos significativos na sensação de bem-estar conforme ganham mais.
Isso acontece porque, a partir de certo ponto, o dinheiro adicional não resolve nossos problemas emocionais fundamentais. Pelo contrário: pode intensificá-los.
Adaptação hedônica: por que conquistas financeiras não trazem felicidade duradoura
O psicólogo Daniel Kahneman, Nobel de Economia, cunhou o termo “adaptação hedônica” para explicar por que conquistar aquilo que tanto desejamos raramente nos traz a felicidade duradoura que esperávamos.
Funciona assim: você finalmente compra o carro dos sonhos. Nas primeiras semanas, sente uma alegria genuína. Mas, rapidamente, aquela sensação se torna “normal”, e você volta ao mesmo nível de satisfação de antes. Pior: agora você tem uma prestação mensal que te deixa ainda mais ansioso.
“Vi isso acontecer dezenas de vezes ao longo da minha carreira”, conto aos meus clientes. “Pessoas que realizaram sonhos financeiros importantes, mas continuavam se sentindo vazias porque não aprenderam a valorizar o que já tinham antes de conquistar o que queriam.”
Paradoxo da escolha: excesso de opções financeiras gera infelicidade
Barry Schwartz, autor de “O Paradoxo da escolha”, demonstra como ter muitas opções financeiras pode, paradoxalmente, nos deixar mais infelizes. Quando temos 30 tipos de investimento para escolher, 15 cartões de crédito disponíveis e infinitas possibilidades de compra, nossa mente entra em sobrecarga.
Resultado? Ficamos paralisados pela análise ou, quando finalmente decidimos, sempre fica aquela sensação de que “talvez houvesse uma opção melhor”.
A sabedoria financeira que vem da presença
Contrário ao que muitos pensam, viver o presente não significa ser irresponsável com o dinheiro. Na verdade, é exatamente o oposto. Quando você está verdadeiramente presente, toma decisões financeiras mais conscientes e alinhadas com seus valores reais.
Mindfulness financeiro: como aplicar atenção plena ao seu dinheiro
O conceito de “mindfulness financeiro” vem ganhando destaque nos últimos anos. Trata-se de aplicar a atenção plena às nossas decisões monetárias, questionando não apenas “quanto custa?”, mas “por que quero isso?”, “como me sinto antes, durante e depois de gastar?” e “isso realmente agrega valor à minha vida?”.
Um estudo da Universidade de California, Berkeley, publicado em 2023, acompanhou 2.000 pessoas que praticaram mindfulness financeiro por seis meses. Os resultados foram impressionantes:
- 34% reduziram gastos desnecessários
- 28% relataram maior satisfação com suas compras
- 42% diminuíram os níveis de ansiedade relacionados ao dinheiro
A diferença entre necessidade e desejo
Quando vivemos no piloto automático, confundimos constantemente necessidades com desejos. A pressa e a falta de presença nos fazem comprar por impulso, investir sem critério e gastar energia mental com preocupações financeiras que muitas vezes nem são reais.
Robert Kiyosaki, em “Pai Rico, Pai Pobre”, fala sobre a importância de distinguir ativos de passivos. Mas há uma distinção ainda mais fundamental: experiências que nutrem nossa alma versus aquisições que apenas alimentam nosso ego.
5 sinais de que sua relação com o dinheiro está roubando seu presente
Às vezes, estamos tão imersos na correria que nem percebemos como nossa relação com o dinheiro está afetando nossa capacidade de viver plenamente. Alguns sinais de alerta:
Você sempre está planejando o “próximo nível”
Se toda conversa sobre dinheiro gira em torno do que você vai conquistar no futuro, sem nunca reconhecer o que já tem, é hora de pausar. Sonhar com o futuro é importante, mas não pode ser a única fonte de motivação.
Suas decisões financeiras são movidas pelo medo
Medo de não ter o suficiente, medo de fazer a escolha errada, medo de ficar para trás. Quando o medo dirige nossas finanças, raramente tomamos decisões que nos deixam genuinamente felizes.
Você não consegue aproveitar o que conquistou
Comprou aquele item que tanto queria, mas já está pensando no próximo? Conseguiu aquela reserva de emergência, mas continua se sentindo inseguro? Isso indica que você está vivendo no futuro, não no presente.
Você se compara constantemente
Se você está sempre olhando a vida financeira dos outros como parâmetro para sua própria felicidade, perdeu a conexão com seus valores e necessidades reais.
Como resgatar a presença sem perder a responsabilidade financeira

A boa notícia é que é possível conciliar responsabilidade financeira com presença de espírito. Na verdade, elas se complementam de forma poderosa.
Pratique a gratidão financeira
Uma vez por semana, dedique alguns minutos para listar três coisas pelas quais você é grato financeiramente. Pode ser ter um teto sobre a cabeça, conseguir pagar as contas em dia ou ter dinheiro para um café com um amigo.
Essa prática simples reprograma seu cérebro para notar abundância ao invés de escassez.
Defina “suficiente” para você
Uma das perguntas mais libertadoras que você pode se fazer é: “Quanto é suficiente para mim?” Não para seu vizinho, não para a sociedade, mas para você viver com dignidade e tranquilidade.
Quando você sabe qual é seu “suficiente”, pode parar de correr numa esteira infinita e começar a aproveitar o que já conquistou.
Crie rituais de presença no seu dia a dia
- Antes de fazer uma compra acima de R$ 100, respire fundo e se pergunte: “Isso vai melhorar minha vida de forma duradoura?”
- Uma vez por mês, faça algo gratuito que você realmente aprecia (uma caminhada, uma conversa com um amigo, um filme em casa)
- Ao receber seu salário, reserve alguns minutos para agradecer pelas oportunidades que te trouxeram até ali
Invista em experiências, não apenas em coisas
Pesquisas consistentes mostram que gastar dinheiro em experiências (viagens, cursos, momentos com pessoas queridas) gera mais felicidade duradoura do que gastar em objetos materiais.
Isso não significa que você não pode comprar coisas. Significa ser mais criterioso e intencional com essas escolhas.
O dinheiro como ferramenta de presença
Quando você muda sua perspectiva sobre o dinheiro – de objetivo final para ferramenta de liberdade – tudo muda. O dinheiro deixa de ser o destino e se torna o que sempre deveria ser: um meio para você viver mais plenamente.
Finanças como autocuidado
Costumo dizer aos meus clientes: “Cuidar bem do seu dinheiro é uma forma de cuidar bem de você mesmo”. Quando você organiza suas finanças com carinho e atenção, está criando um ambiente de segurança que permite que você se conecte com o presente sem ansiedade.
Educação financeira comportamental: como a organização traz liberdade e clareza
Pessoas com finanças organizadas não são necessariamente mais ricas, mas têm algo precioso: clareza mental. Sabem quanto podem gastar, quanto precisam guardar e quanto podem doar ou investir em experiências.
Essa clareza é libertadora porque elimina a ansiedade constante de “será que posso?” e permite que você tome decisões a partir de um lugar de conhecimento, não de medo.
Criando uma nova relação com tempo e dinheiro
No final das contas, tempo e dinheiro são recursos finitos que precisam ser administrados com sabedoria. Mas há uma diferença crucial: o tempo que passou nunca volta, o dinheiro pode ser recuperado.
A conta que ninguém faz
Quantas horas da sua vida você dedicou a se preocupar com dinheiro? Não a resolver problemas financeiros concretos, mas simplesmente a se preocupar, ruminar, perder o sono?
Se você pudesse converter essas horas em momentos de presença, conexão e alegria, quanto mais rica sua vida seria?
A verdadeira riqueza que não aparece no extrato bancário

Há uma riqueza que não aparece em nenhum extrato bancário: a capacidade de estar plenamente presente em sua própria vida. De notar o sorriso de quem você ama, o sabor do seu café da manhã, a sensação do sol na pele.
Essa riqueza está disponível para todos, independente da conta bancária. E, curiosamente, quanto mais você a cultiva, melhores se tornam suas decisões financeiras.
O caminho de volta para casa
A imagem que inspirou este artigo – o adulto preocupado com conquistas enquanto a criança simplesmente está feliz por estar junto – não precisa ser uma despedida nostálgica da infância. Pode ser um convite para integrar a sabedoria do adulto responsável com a presença da criança que ainda vive em você.
Você pode cuidar bem do seu dinheiro E aproveitar a vida que tem hoje. Pode planejar o futuro E estar presente no agora. Pode ser ambicioso E grato. Não são escolhas excludentes.
Educação financeira comportamental: o que ninguém te ensinou sobre dinheiro e presença
A educação financeira tradicional ensina sobre juros, investimentos e orçamentos. Isso é importante, mas incompleto. Uma educação financeira verdadeiramente transformadora também ensina sobre presença, gratidão e a arte de distinguir entre o que você quer e o que realmente precisa para ser feliz.
Ensina que a segurança financeira real não vem apenas de ter muito dinheiro, mas de ter uma relação saudável com o dinheiro que você tem.
O convite para começar hoje
Se você chegou até aqui, provavelmente reconheceu algo de si mesmo nessas palavras. Talvez tenha percebido que andou tão focado no destino que esqueceu de aproveitar a jornada.
A boa notícia é que você pode começar a mudar isso agora. Não precisa esperar conquistar nada mais. Não precisa esperar ter mais dinheiro. Pode começar hoje mesmo a cultivar uma relação mais consciente e presente com sua vida financeira.
Comece pequeno: na próxima vez que for comprar algo, respire fundo antes de decidir. Quando receber seu salário, dedique um minuto para agradecer. Quando se pegar ruminando sobre dinheiro, volte sua atenção para algo bom que já existe na sua vida.
São gestos simples, mas que plantam sementes de uma transformação profunda. Porque no final das contas, a verdadeira riqueza não está no que você tem, mas na sua capacidade de perceber e aproveitar o que já possui.
Uma reflexão final
Há uma frase do escritor Kurt Vonnegut que resume bem tudo isso: “Somos o que fingimos ser, então devemos ter cuidado com o que fingimos ser.”
Se você anda fingindo que só será feliz quando conquistar mais, pode acabar se tornando alguém que nunca consegue ser feliz com o que tem. Mas se você começar a praticar a gratidão e a presença hoje, pode se tornar alguém que sabe extrair riqueza genuína de cada momento da vida.
O dinheiro é importante. O planejamento financeiro é necessário. Mas eles são meios, não fins. O fim é você viver uma vida plena, consciente e verdadeiramente rica – em todos os sentidos da palavra.
E não esqueça a educação financeira é o poder que muda vidas e pode mudar a sua também.
Se esse conteúdo fez sentido para você, me acompanhe no Instagram @ogeisonnascimento onde compartilho reflexões práticas sobre dinheiro, comportamento e escolhas conscientes. E se você quer dar o primeiro passo rumo à sua liberdade financeira, conheça o Projeto Bora Destravar as Finanças. É por lá que muita gente já começou a mudar de vida.

O Poder da Influência Paterna na Educação Financeira dos Filhos

O Paradoxo da Escolha: Como o Mercado Financeiro Te Manipula Com Milhares de Opções

O Perigo da Polarização na Sua Educação Financeira: Como as Brigas Políticas Podem Estar…

Por que o Luxo Alheio Empobrece Você: A Psicologia da Comparação Social e Seus Impactos na Saúde…
Olá,
o que você achou deste conteúdo? Conte nos comentários.